Há quanto tempo existe uma horta na escola?
No ano letivo de 2008-2009, iniciámos com uma horta de cerca de 75m quadrados, integrada no espaço escolar. No ano escolar de 2011-2012, reaproveitamos o terreno baldio contíguo à escola, cedido pelo Município e, construímos a grande horta. Ambas estão em
Área aproximada da horta
Horta grande: 900m2; Horta pequena: 75m2; estufa 70m2; mais o olival e laranjal.
Quais as motivações e objetivos na base da criação da horta?
Foram vários os objetivos que estiveram na base da criação da horta sendo que, os principais foram valorizar o espaço envolvente da escola criando uma área que permitisse uma interação entre a escola e o meio envolvente. O espaço exterior é muito amplo e era necessário encontrar estratégias para a sua valorização tornando-o alegre, acolhedor, funcional e diversificado. Também o facto de o agrupamento diversificar a sua oferta formativa - Cursos de Educação e Formação, Cursos Vocacionais e de Formação de Adultos, levou a que olhássemos para um espaço baldio, com mais atenção e o tornássemos laboratório vivo de aprendizagem e de lazer, no qual se promova a saúde e segurança alimentar; a proteção do meio ambiente e a fertilidade do solo.
O agrupamento insere-se num meio rural, onde a agricultura é um setor em que todas as famílias possuem uma área de cultivo, portanto esta foi também uma forma de fomentar a participação e o intercâmbio entre a escola / a família / comunidade local, valorizando os seus saberes. Assim, passamos de uma pequena para uma grande horta pedagógica, que permitisse englobar os conhecimentos tradicionais de cultivo da terra, rentabilizando-a como meio de aprendizagem pedagógica, introduzindo na comunidade o conceito de produção biológica. Também pretende aproximar os pais e encarregados de educação e outros intervenientes na escola, diversificando o ambiente escolar e tornando-o mais abrangente. Fosse igualmente, um meio de sensibilização da comunidade educativa para a necessidade de defesa da Natureza e de respeito pelos valores ambientais; divulgar os princípios da Agricultura Biológica, elucidando a comunidade escolar acerca da sua importância para a preservação ambiental.
Finalmente é um espaço que trabalha a inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e é transversal aos diferentes níveis de ensino (do JI ao 9.º ano).
Que aspetos denotam a originalidade deste projeto?
Em primeiro lugar pela sua dimensão. Em segundo, pelas interações que se geram, entre a escola e a comunidade educativa. Estabelecemos parcerias com a comunidade local e alargada para nos ajudarem a melhorar a horta. Depois, para além do modo de produção ser bio, é sujeita a um Regulamento de Utilizadores. Cada talhão/parcela é explorada por utilizadores: professores, assistentes operacionais, alunos dos 1.º, 2.º e 3.ºciclos; Clube da Horta Bio, Clube de Hortofloricultura para alunos com NEE e pais. É tida como um potencial recurso educativo e a par da estufa, um laboratório vivo de aprendizagem.
Também neste ano, implementamos outras formas de modo de produção sustentável, em hidroponia com garrafas PET, de ervas aromáticas.
Pretendemos fazer protocolo com a Quercus, Núcleo de Braga, para formação em Agricultura Biológica dirigida à comunidade educativa (alunos, professores, assistentes operacionais, pais e agricultores locais).
A participação de agricultor local na mobilização do solo, com alfaias agrícolas mecanizadas, uma vez que o solo tem forte tendência para compactar e com grandes quantidades de pedra. Não se pode moldar ou mudar rapidamente o solo, de acordo com as nossas necessidades ou expectativas, pelo que é importante criar condições para o solo produzir de forma sustentável.
Em parceria com o Município, na poda das árvores de médio e grande porte, junto da horta, jardins e na reflorestação do Bosque das Autóctones, com dádiva de pequenas árvores autóctones da região.
Assinalámos o Dia Internacional do Voluntário, com a participação da comunidade escolar nas tarefas da horta;
Colaboração das famílias para nos cederem sementes, garrafas PET e paletes de madeira;
Fazemos a germinação das culturas em estufa, para posterior transplantação na horta e jardins;
Desenvolvemos atividades experimentais entre as disciplinas de Ciências Naturais e Físico-Química: análise física e química do solo, estudo dos fatores ambientais na sementeira, germinação e crescimento das plantas.
Em articulação curricular, entre disciplinas (Jardinagem, Curso Vocacional e Educação Tecnológica, 2º ciclo), pretendemos construir um galinheiro e começar a produção e preservação de raças autóctones – galinha Pedrês Portuguesa, Preta Lusitana e Amarela. Para este projeto, contámos com a colaboração da Cooperativa Agrícola do Concelho, na cedência das espécies e dos pais dos alunos das turmas envolvidas.
O apoio de uma cozinha especificamente equipada para ensinar os alunos com NEE (e outros) a confecionarem as suas refeições com os produtos da horta, tendo em vista a sua preparação para vida ativa;
Fazemos várias colheitas e utilizamos os produtos da horta na Campanha Cabaz Solidário. Participámos com as culturas da horta, principalmente ervas aromáticas, na Feira Quinhentista do concelho e na Mostra de Cheiros e Sabores, em articulação com a disciplina de Historia.
Replantamos a sebe de frutos com framboesas, maracujá e chuchu e, construímos uma latada para suporte. Plantamos canteiros de flores e de plantas aromáticas para atrair insetos polinizadores e seis árvores de fruto.
Preservamos a biodiversidade existente, através da manutenção das caixas ninho, do Hotel para insetos, das sebes de vegetação natural e espontânea (arbóreas, arbustivas e herbáceas) nas delimitação do campo agrícola, bem como, a preservação do bosque das melíferas e das autóctones, constituindo nichos favoráveis ao desenvolvimento de animais auxiliares, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema agrícola, pelo aumento da diversidade de flora e fauna que ali vive.
Conservamos o recurso hídrico existente - ribeiro, e a vegetação ripícola existente nas margens e também, utilizamos a água para rega da horta. Enriquecemos a biodiversidade com a exploração agrícola criando e mantendo mosaicos/parcelas com produção de centeio e tremocilha que disponibilizam alimento para insetos e aves e, por fim destinam-se a adubação verde.
Cremos que a horta é um local educativo-pedagógico de toda a comunidade educativa, que tem permitido a valorização do modo de produção bio e a dignificação da profissão de agricultor; perceção de sustentabilidade, consciência ecológica, noção de comida e cozinha saudável; participação e dinamização em/de ações e palestras de sensibilização à consciência ambiental e alimentação saudável.
Como são envolvidas as famílias?
Através das atividades e iniciativas propostas em reuniões ou pelos filhos com convites. Também participando na construção de projetos e no fornecimento de materiais de construção, dinamizados pelos alunos envolvidos.
Exemplos do impacto da horta na comunidade e nos alunos
Ao longo dos vários anos de implementação da horta notamos que os alunos vão estando cada vez mais sensibilizados para o trabalho que aqui se realiza. O ambiente e a alimentação saudável são temas transversais às matérias abordadas nas salas. A horta proporciona diversas possibilidades de exposição destes temas e permite o desenvolvimento de ações pedagógicas em equipa, explorando a multiplicidade e interdisciplinaridade das diferentes formas de aprender e de ensinar. Neste sentido, a horta possibilita intervir na cultura dos alunos e envolver a participação dos professores em novas práticas pedagógicas. Permite ainda, consolidar os conhecimentos e fomentar o gosto e o respeito pela Natureza e pela preservação e engrandecimento do património natural da região.
A horta permite desenvolver o espírito de entre ajuda, cooperação e partilha de conhecimentos entre os elementos da comunidade educativa.
Também a venda direta dos produtos hortícolas na escola, possibilita a divulgação dos mesmos e das práticas seguras e saudáveis na agricultura/horticultura.
Gradualmente as famílias dos utilizadores da horta foi alterando algumas práticas de cultivo e hábitos alimentares. Passou-se a falar de compostagem e a realizá-la em casa e, a valorizar práticas amigas do ambiente e da preservação dos recursos naturais.
Como é organizada a manutenção da horta e a repartição de tarefas?
Professora coordenadora do projeto Horta Bio; Existe um regulamento de funcionamento e do utilizador da horta biológica; O apoio do clube de Hortofloricultura para alunos com NEE, Clube Horta Bio, Curso Vocacional, na disciplina de Jardinagem; Cada utilizador possui um talhão que o cultiva segundo os princípios da Agricultura Biológica e respeitando o regulamento; São realizadas sementeiras (sementes biológicas) em estufa pelos alunos dos clubes, de acordo com a época e que depois são cedidas aos utilizadores; Todos os utilizadores contribuem com os resíduos orgânicos das suas hortas para a compostagem; A coordenadora do projeto presta colaboração/apoio aos utilizadores da horta (demonstrações); Projeto Escola+Verde (Município).
Como é feita a preparação do solo?
No início do ano e, em virtude do solo da horta, compactar com facilidade, foi necessária a sua mobilização, com auxílio da fresa, tendo sido inicialmente realizada a limpeza dos detritos existentes. Foram deixados alguns resíduos das culturas, para serem incorporados ao solo como fontes de azoto e de nutrientes.
Posteriormente uma turma de 6ºano, na disciplina de Educação Visual, realizou a planta/plano da horta, aplicando os conhecimentos adquiridos e em pesquisas sobre consociações e afolhamentos, rotações; plantas companheiras; culturas favoráveis e desfavoráveis, entre outros assuntos abordados na Agricultura Biológica.
A turma do Curso Vocacional - Jardinagem, fez de acordo com a planta, a definição das parcelas e dos carreiros de circulação.
As fases seguintes foram de incorporação de matéria orgânica obtida através da compostagem produzida na escola e de cinza de madeira, resultante da queima de lenha das podas, pois o solo da horta tem uma acidez média.