Escola EBI/JI de Gavião

a nossa horta bio

 
  • Apanha de produtos de final de verão, tomates, curgetes, pepinos e melões.Os produtos foram distribuídos através do Banco de Produtos Biológicos às famílias mais necessitadas.Apanha de produtos de final de verão, tomates, curgetes, pepinos e melões.Os produtos foram distribuídos através do Banco de Produtos Biológicos às famílias mais necessitadas.
  • Alunos do 6º ano a semearem um canteiro de nabiças.Alunos do 6º ano a semearem um canteiro de nabiças.
  • Preparação dos terrenos por alunos da turma do 6º ano com supervisão do funcionário da escola.Preparação dos terrenos por alunos da turma do 6º ano com supervisão do funcionário da escola.
  • Alunos do pré-escolar a regar as couves que tinham plantado anteriormente em parceria com o funcionário da escola destacado para os trabalhos hortícolas.Alunos do pré-escolar a regar as couves que tinham plantado anteriormente em parceria com o funcionário da escola destacado para os trabalhos hortícolas.
  • Alunos do pré-escolar a realizar sementeiras de ervas aromáticas na horta, auxiliados pelo funcionário da escola.Alunos do pré-escolar a realizar sementeiras de ervas aromáticas na horta, auxiliados pelo funcionário da escola.
  • Grupo de alunos (pré-escolar e 6º ano) mais diretamente envolvidos no projeto.
A fotografia foi tirada à entrada dos terrenos da horta.Grupo de alunos (pré-escolar e 6º ano) mais diretamente envolvidos no projeto. A fotografia foi tirada à entrada dos terrenos da horta.
A nossa horta foi assim em fevereiro

saber mais sobre a nossa horta bio

Há quanto tempo existe uma horta na escola?

Desde o ano letivo 2009/2010

Área aproximada da horta

1500 m2

Quais as motivações e objetivos na base da criação da horta?

A criação da horta teve subjacente o desejo de expansão de um projeto que educasse para a proteção e preservação do património natural e incutisse nos nossos jovens o desafio do desenvolvimento sustentável, preservando e requalificando espaços da comunidade que revertem em benefícios ambientais e sociais para a mesma. O postulado é, pois, o da Educação Integral, alicerçada na aprendizagem de novos saberes baseados na partilha inter-geracional e na mobilização/transferência dos mesmos, na resolução de problemas quotidianos, orientados para a mudança sustentável, implicando sinergias institucionais, baseadas na confiança, cooperação, em dinâmicas proativas e no facultamento de recursos e estratégias. Para a implementação deste projeto foi constituída uma equipa multidisciplinar integrando elementos das várias instituições parceiras e, que se revelaram uma mais-valia na génese do mesmo. A criação de uma rede de interação comunitária baseada numa partilha de saberes e cultura tem permitido valorizar os mais idosos, permitindo-lhes uma melhor integração na comunidade e capacitado os jovens com conhecimentos ancestrais que contribuam para a preservação do seu património natural e cultural. Assim, reativámos e requalificámos terrenos de antigas hortas que se encontravam abandonados, criando uma Horta Biológica. Promove-se a dinamização da horta enquanto ferramenta pedagógica, permitindo o contacto com o meio rural e natural promovendo sinergias entre a comunidade educativa, as instituições parceiras e a comunidade local. O projeto “Horta Biológica” tem assim, como objetivo a criação e manutenção de uma horta pedagógica tendo como prioridade a partilha de experiências e saberes inter-geracionais, a revitalização de sistemas de cultura tradicionais, a utilização racional da água recorrendo a sistemas de regadio tradicionais, o desenvolvimento da compostagem doméstica, a utilização de energias renováveis com a utilização de uma bomba solar, a preservação, requalificação e reorganização de espaços abandonados. Pretende-se deste modo despertar a sensibilidade das crianças para a agricultura biológica como forma de associar conceitos e técnicas tradicionais de agricultura, com conceitos de valorização orgânica dos resíduos sólidos urbanos produzidos. Neste tempo em que a nossa saúde não periga pela falta de alimentos mas antes pela ausência de qualidade na abundante alimentação que fazemos, é fundamental que os jovens assegurem o seu futuro protegendo a sua saúde através da proteção do ambiente e dos produtos de que se alimentam.

Que aspetos denotam a originalidade deste projeto?

Criar uma” Horta Biológica” não é, sem dúvida, uma iniciativa original ou inovadora. Com maior ou menor empenho ou conhecimento, elas surgem, de facto em muitas escolas por esse país fora. Sendo bem implementadas e exploradas podem ser um ótimo recurso para promover o sucesso educativo, fomentar formas cooperativas de trabalho e conduzir à formação do aluno. Aquilo que consideramos original e inovador é o envolvimento das diversas instituições concelhias, a partilha inter-geracional (crianças do pré-escolar, alunos do 2º ciclo, idosos, famílias), a valorização dos saberes dos idosos institucionalizados, o espírito de solidariedade (banco de produtos biológicos), o aproveitamento de terrenos abandonados, o recurso a técnicas tradicionais de cultura e regadio, o aliar das novas tecnologias ao saber empírico e ancestral, a utilização e rentabilização dos recursos naturais e de energias renováveis, a promoção da interdisciplinaridade, assim como os benefícios sociais e ambientais para a comunidade. Os nossos alunos são oriundos, na sua maioria, de meios rurais. À partida, deveriam estar familiarizados com práticas agrícolas. Lamentavelmente, o que se verifica é que as referências que alguns têm, em relação à atividade agrícola, não são as mais corretas. Certamente também veem usar e abusar de produtos químicos. Não têm uma noção real e enquadrada do que seja compostagem, separação de resíduos, técnicas de agricultura biológica ou normas de proteção ambiental. Esta aprendizagem no terreno, aliada à articulação curricular, ajuda-os a fundamentar e aplicar os conhecimentos em parceria com os idosos que possuem um saber baseado na experiência. Devido ao aumento da população idosa, surge a necessidade de ações multidisciplinares voltadas para o atendimento desse segmento populacional, seja no contexto dos idosos que vivem na comunidade ou de idosos institucionalizados, procurando potenciar as suas capacidades. Através deste projeto, procuramos que se sintam acolhidos, úteis e produtivos para a comunidade e valorizados como fonte de transmissão de saberes.

Quem trata da horta?

  • N.º de professores envolvidos: 9
  • Disciplinas que mais participam na dinâmica da horta: Formação Cívica; Ciências Naturais;Português; Educação Técnológica; Geografia; Matemática e Conhecimento do Mundo (área da educação pré-escolar).
  • N.º de alunos envolvidos: 39
  • N.º de funcionários da Escola envolvidos: 1
  • N.º de pais ou outros familiares envolvidos: 39

Como são envolvidas as famílias?

As famílias têm conhecimento do projeto através das diretoras de turma/titulares de turma/titulares de grupo e da Associação de Pais e Encarregados de Educação, sendo-lhes solicitada a sua colaboração e envolvimento através de auxílio nos trabalhos agrícolas, dádiva de plantas, sementes, matéria orgânica, colaboração na compostagem e dando o seu contributo com os conhecimentos que detêm em relação à implementação e manutenção de hortas.

Exemplos do impacto da horta na comunidade e nos alunos

O presente projeto resulta de parcerias institucionais (Agrupamento Vertical de Gavião, Câmara Municipal, Santa Casa da Misericórdia, Universidade Sénior, Associação de Pais e Encarregados de Educação do Concelho de Gavião e Junta de Agricultores da Ribeira de Margem e Venda), cruzando a necessidade de estimular nos jovens valores ambientais que contribuam para a defesa do património natural e cultural, e a necessidade de valorizar e estimular a integração dos idosos, com especial incidência para os institucionalizados, na vida da comunidade contribuindo com as suas experiências e saberes. Pela implicação que este projeto gera nas crianças, nos jovens e idosos e pelo método de educação não formal, tem-se criado pontes entre a escola e o meio e entre gerações, potenciando-se uma aprendizagem partilhada, baseada na experiência, no trabalho de grupo, na descoberta e conhecimento partilhado e aplicado. Este projeto permite a reflexão sobre os problemas e as soluções ambientais mais viáveis, aliando as técnicas tradicionais com as novas tecnologias, levando a uma verdadeira ligação inter-geracional, responsabilizando cada um pela concretização do mesmo. Por último numa altura em que tanto se discute a qualidade daquilo que se come e num momento de grave crise económica, através das culturas ali realizadas poderemos proporcionar a crianças, idosos e famílias carenciadas do concelho a possibilidade de fazerem uma alimentação à base de produtos biológicos e suprirem algumas carências alimentares. Pensamos que este é um projeto bem enquadrado na realidade local pois procura trazer benefícios sociais (partilha inter-geracional, integração de idosos, proporcionar a criação de um banco alimentar à base de produtos biológicos para crianças, idosos e famílias carenciadas) e benefícios ambientais (utilização de energias alternativas (Bomba de rega solar), utilização racional da água (rega gota a gota), redução e reutilização dos resíduos domésticos (centro de compostagem), cultivo e produção biológica, requalificação de espaços abandonados (os terrenos da horta estavam em completo abandono e foram emprestados pelos proprietários para a criação da horta)).

Como é organizada a manutenção da horta e a repartição de tarefas?

A manutenção da horta é assegurada através dos recursos próprios disponibilizados pelas entidades envolvidas: Agrupamento Vertical de Gavião -Operacionalização de ações de sensibilização nas diferentes fases do projeto – disponibilizando recursos humanos e instalações; -Recursos logísticos – laboratórios, computadores, materiais para etiquetagem das culturas, fotocópias, papel, … -Recursos humanos – alunos, professores e assistentes operacionais que integram a equipa coordenadora do projeto; -Contactos com os proprietários dos terrenos; -Envolvimento de outras Equipas e Projetos do Agrupamento – Equipa da Saúde e Programa Eco-Escolas. Município de Gavião -Disponibilização de recursos humanos – membros do Conselho Eco-Escolas; membros do Gabinete Técnico-Florestal; membros dos Sapadores Florestais, mão-de-obra; -Aconselhamento técnico e formação para os jovens “agricultores”; -Recursos logísticos – maquinaria, equipamentos; -Cedência de transportes. Santa Casa da Misericórdia de Gavião -Disponibilização de recursos humanos – idosos e técnicos da instituição para uma eficaz troca e partilha de saberes, ensinando aos mais jovens as técnicas de preparação dos terrenos e cultivos tradicionais; -Apoio logístico; -Cedência de transportes e ferramentas; Universidade Sénior -Recursos humanos – acompanhamento teórico e prático do projeto com recurso à formação dos alunos. Junta de Agricultores da Ribeira de Margem e Venda -Recursos humanos – partilha de saberes e visitas no terreno para aprender técnicas tradicionais, nomeadamente as do regadio tradicional. Associação de Pais e Encarregados de Educação do concelho de Gavião -Divulgação e sensibilização das famílias para a participação no projeto. A repartição de tarefas faz-se em sede de reunião do projeto com representantes dos alunos, instituições parceiras, docentes e não docentes e Associação de Pais e Encarregados de Educação do Concelho de Gavião. Esta repartição de tarefas é feita de acordo com a idade dos alunos e as tarefas a executar.

Como é feita a preparação do solo?

Antes de iniciar a preparação dos canteiros, procedeu-se à limpeza do terreno com o auxílio dos sapadores florestais que usaram roçadoras para cortar e desbravar o mato e ervas existentes. Seguidamente, alunos e idosos em conjunto, removeram as pedras e paus de maiores dimensões e depois limpamos o terreno com auxílio de algumas ferramentas como enxada, ancinho e carrinho de mão. Com auxílio de uma enxada, revirou-se a terra. Com o ancinho, desmancharam-se os torrões, retirando pedras e outros objetos, nivelando o terreno. De seguida, dadas as dimensões do terreno, um senhor da comunidade lavrou a terra com um pequeno trator. Depois procedemos à demarcação dos canteiros com auxílio de canas (cortadas na própria horta) e cordas. Antes da plantação e sementeira, enriqueceu-se o solo com estrume orgânico oferecido por uma das docentes da escola. Anualmente, procedemos a nova limpeza e manutenção do terreno, demarcação de canteiros e rotatividade de culturas de acordo com os ciclos de vida das plantas e consociações favoráveis. A cada colheita, é feita a reposição do composto para garantir a qualidade da terra e dos produtos hortícolas.

É feita compostagem?

Sim

Quais as culturas / consociações instaladas?

Pretende-se que esta horta seja um recurso pedagógico, permitindo o acesso fácil e frequente de grupos de crianças. Os canteiros cultivados são extensos para permitir maior variedade de culturas. Ao planificar as plantações temos em atenção o tipo de crescimento de cada espécie para que não se atrapalhem ou se assombrem umas às outras. A policultura é um fenómeno muito importante que caracteriza a vegetação espontânea. As plantas, na Natureza protegem-se umas às outras e equilibram-se nas suas necessidades. Por isso, este é um fator a ter em conta na combinação de culturas. Aqui assumem especial importância as ervas aromáticas e as flores, incorporadas na horta ou em orlas. De acordo com a época do ano e com as consociações recomendadas, cultivamos: couve, alface, favas, ervilhas, batatas, cebolas, alhos, alho francês, tomate, pepino, abóbora, curgete, plantas aromáticas, agrião (na vala de água), nabiça, espinafre, feijão verde, feijão frade....

Como é feita a gestão da rega?

A rega é feita com recurso a uma bomba solar que permite a retirada de água do poço existente na horta, canalizando-a para um tanque de onde se procede à rega da horta. Para algumas culturas instala-se um sistema de rega gota a gota que permite uma maior poupança de água e menor vigilância. A horta é regada regularmente. O solo não pode ficar encharcado para evitar o aparecimento de fungos. A horta é mantida limpa, as ervas daninhas e outras sujidades são retiradas manualmente.

Como é feita a monitorização e controlo de pragas e doenças?

A monitorização é feita aquando da visita à horta por todos os intervenientes, em dias alternados. O recurso à consociação é uma forma biológica de combater pragas e diminuir as ervas daninhas. A consociação constitui uma forma de combate às ervas daninhas devido ao sombreamento, sendo também útil no combate a determinadas pragas. Além disso os insetos e outros animais evitam a propagação de pragas. Por exemplo, na praga do piolho do feijão utilizamos uma calda feita à base de coentros e ervas daninhas que são esmagadas e diluídas em água. Seguidamente borrifamos as plantas do feijão.

Refira outras atividades que se realizam em torno da horta

Ao longo destes anos temos participado na Feira de Culturas e Saberes com uma banca para divulgação da agricultura biológica e venda de produtos. Além disso, fazendo parte integrante do projeto temos o "Banco de produtos biológicos" que, através da Santa Casa da Misericórdia, procede à distribuição de produtos da horta às famílias mais carenciadas do concelho. Venda semanal, na comunidade escolar, de produtos para angariação de fundos para manutenção da horta. Participação no concurso "Sopas e Sopas" organizado pela Equipa da Saúde do Agrupamento Vertical de Gavião.

 

Publicado por: Escola EBI/JI de Gavião

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Professor coordenador da horta: Genoveva Matos Belona